quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Mea culpa ou porque eu escrevo




Faz tempo que não passo por aqui. Sorry. A vida andou meio louca, eu fiquei sem tempo, e, na verdade, às vezes, só às vezes, confesso que tenho sentimentos dúbios sobre escrever e dizer o que eu realmente penso sobre as coisas.
Mas blogs não foram feitos para isso? É que sou libriana, digamos assim. Sofro com o conflito, sofro para tomar decisões, sofro com opiniões discordantes, odeio desagradar. É tão mais fácil ficar escondida e protegida sobre a capa transparente da minha vida exterior e escrever sobre coisas que não me comprometam....
A exposição digital não é algo que me deixa confortável. Acho que sou mesmo de outra geração. Parei no tempo. Fiquei pendurada, balançando na ponta do cabide do armário. Parece que o mundo inteiro virou um grande Big Brother em apenas uma década, e todo mundo acha normal, eu ainda não sei se acho isso legal (parece que tudo o que você faz no mundo digital um dia pode se virar contra você, afinal, tudo é documento no fundo). É incômodo.
Mas tantas ideias povoam minha cabeça, e giram e giram e giram e me deixam tonta. E de que adianta escrever só pra mim, num diário? Se existe algum propósito no que eu penso e sinto (existe?), a expressão do que eu penso sobre a vida não deveria ser só para mim, ou para os poucos que compartilham minha intimidade.
Bah, cansei. Cansei. Cansei de pensar. Dei voltas e voltas e voltas, construi mil mundos e estou exausta. Então vá lá, penso eu, que fique um registro destes tempos rápidos e rasos e fugazes e aceleradíssimos e destrutivos. I don't really care. E se eu pudesse dar alívio, alento, irritação, alegria, tristeza ou informação a alguém qualquer, então ter vivido e sentido e pensado e falado e escrito terá valido a pena. Somos o que significamos. E vivemos para ter uma história e construir um sentido. E para amar. E só.

*Foto da Tina Modotti, fotógrafa, atriz e revolucionária italiana, fotografada por Edward Weston. México, século 20.