quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O leitinho das crianças, como antigamente


Quase dei pulinhos de alegria ao saber que uma empresa de laticínios do Rio de Janeiro está embalando leite em garrafas não retornáveis de vidro.
É quase patético de tão óbvio, mas como Cidadão Kane com seu "Rosebud", eu sei que realmente estarei ligada a objetos que remetem ao quintal da minha avó materna para sempre.
São lembranças doces que vêm daqueles tempos da primeira infância.
A importância das memórias infantis é tão forte e tão visceral em mim que às vezes perco o sono, tremendo de medo e ansiedade, pensando em como tentar dar à minha filha doses cavalares de primeira infância feliz.
É que para mim, neste caso específico, o leite em garrafa de vidro significa muito. Ele era trazido pelo leiteiro numa carroça puxada por cavalos todas as manhãs à casa da minha avó em Montevidéu. A rua dela é de paralelepípedos, e você já sabia que o leiteiro estava chegando pelo slap, slap, slap dos passos do cavalo no asfalto recortado. Depois, chegava aquela garrafa geladinha com a tampa de alumínio, que ele deixava bem na porta. Era linda. Design perfeito.
Ao abri-la, vinha o cheiro característico, o sabor, e a bela garrafa que sobrava depois, que se por algum acaso não fosse devolvida, logo virava vaso de flor ou garrafa para colocar água gelada na geladeira. Não são lembranças, são carícias guardadas no tempo da memória.
E melhor, a tal garrafinha era quase sempre deixada na porta para ser reciclada depois. Um ciclo de uso bacana, um ritual limpo. Tem simplesmente algumas coisas que parecem ser corretas. Viva o glamour clássico-retrô do vidro, abaixo o plástico!

Eis a empresa que teve a iniciativa: Vitalatte Laticínios (www.vitalatte.com.br). Pena que ainda não tem em São Paulo...