quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Mea culpa ou porque eu escrevo




Faz tempo que não passo por aqui. Sorry. A vida andou meio louca, eu fiquei sem tempo, e, na verdade, às vezes, só às vezes, confesso que tenho sentimentos dúbios sobre escrever e dizer o que eu realmente penso sobre as coisas.
Mas blogs não foram feitos para isso? É que sou libriana, digamos assim. Sofro com o conflito, sofro para tomar decisões, sofro com opiniões discordantes, odeio desagradar. É tão mais fácil ficar escondida e protegida sobre a capa transparente da minha vida exterior e escrever sobre coisas que não me comprometam....
A exposição digital não é algo que me deixa confortável. Acho que sou mesmo de outra geração. Parei no tempo. Fiquei pendurada, balançando na ponta do cabide do armário. Parece que o mundo inteiro virou um grande Big Brother em apenas uma década, e todo mundo acha normal, eu ainda não sei se acho isso legal (parece que tudo o que você faz no mundo digital um dia pode se virar contra você, afinal, tudo é documento no fundo). É incômodo.
Mas tantas ideias povoam minha cabeça, e giram e giram e giram e me deixam tonta. E de que adianta escrever só pra mim, num diário? Se existe algum propósito no que eu penso e sinto (existe?), a expressão do que eu penso sobre a vida não deveria ser só para mim, ou para os poucos que compartilham minha intimidade.
Bah, cansei. Cansei. Cansei de pensar. Dei voltas e voltas e voltas, construi mil mundos e estou exausta. Então vá lá, penso eu, que fique um registro destes tempos rápidos e rasos e fugazes e aceleradíssimos e destrutivos. I don't really care. E se eu pudesse dar alívio, alento, irritação, alegria, tristeza ou informação a alguém qualquer, então ter vivido e sentido e pensado e falado e escrito terá valido a pena. Somos o que significamos. E vivemos para ter uma história e construir um sentido. E para amar. E só.

*Foto da Tina Modotti, fotógrafa, atriz e revolucionária italiana, fotografada por Edward Weston. México, século 20.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Fraldas de pano x multinacionais


Recebi uma mensagem fofa sobre o Mamãe Natureza, uma empresa de fundo social com sede em Ubatuba que faz fraldas e absorventes de pano femininos recicláveis.
Juro que tentei usar fraldas de impacto ambiental zero nos Estados Unidos quando minha filha nasceu, mas, depois de inúmeros vazamentos, desisti.
Acabei migrando para as fraldas descartáveis semiverdes da Seventh Generation, que é a coisa mais próxima de uma grande empresa que buscou criar produtos mais amigáveis para o ambiente e os consumidores, já que suas fraldas não contém soda cáustica, que é o que faz com que elas fiquem branquinhas e bonitinhas, mas nada saudáveis.
O que eu me pergunto é, será que é tão caro para uma multinacional como a Procter & Gamble ou a Johnson & Johnson desenvolver produtos como fraldas e absorventes que não sejam totalmente poluentes para a natureza e ruins para o corpo humano? Quão mais caros custariam? Por que existem aqueles megalaboratórios para criar novos produtos que vão ser consumidos globalmente por nós, simples mortais, e ninguém está investindo nisso? Marqueteiros de plantão: queremos produtos verdes para as massas, biodegradáveis, sem químicas desnecessárias. Podemos pagar um pouco mais por isso. E é pra já!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A nova carona verde


O transporte coletivo no Brasil não é, aparentemente, prioridade de nenhum político. Afinal, para que investir em metrô, trens e ônibus "verdes" se o lobby (e o bolso) das montadoras e construtoras de rodovias é tão grande mesmo, não é?

Esse problema gerou no país serviços de ônibus fretados e transporte coletivo clandestino, além de deixar milhões e milhões de coitados indo todo dia para o trabalho a pé. Os Estados Unidos, que tem no cerne do sonho americano a liberdade provocada por um carro, também padece desse mal.

Tirando os grandes centros, a locomoção pública, quando existe, deixa muito a desejar. Lembro uma vez quando quis me mandar de Washington D.C. para uma cidadezinha da Virginia para descansar sozinha por três dias. Meu marido me levou. Quase três horas de carro. Tentei, em vão, descobrir se havia um serviço de ônibus para me levar de volta a Washington. Pesquisei na Internet, perguntei no hotel quando cheguei, mas nada, não havia nem um Greyhound vagabundo pra me levar de volta.

Uma boa ideia que acabou sendo transformada em negócio saiu da cabeça de um jovem executivo do banco Lehmann Brothers (sim, aquele que ajudou a derreter o sistema financeiro global em 11 de setembro de 2008 ao ir à falência). Ao perder o emprego, ele decidiu criar o Zimride, serviço de carona ativado por redes sociais como o Facebook que serve para conectar pessoas para universidades e grandes empresas. Contratos com grandes universidades como Cornell e Harvard começaram a fazer essa rede dar certo, e hoje ela envolve, de forma semipública, a milhares de pessoas que se juntam para chegar de um ponto a outro dividindo um carro todos os dias. Matéria que saiu hoje na Reuters explica.

domingo, 12 de setembro de 2010

Dá para ter tudo?


Vida louca, essa a das mulheres de hoje. Acho que não dá para ter tudo, pelo menos não sem deixar algo para trás, nem que seja ela própria, ou a carreira, ou o prazer de ver os filhos crescerem de perto, ou o romance com a cara-metade.
Mas talvez desse pra conciliar todas as esferas da vida se fizéssemos menos de tudo, não? A parcela mais difícil é o mercado de trabalho, os contratos fixos, a cultura dos escritórios. Tudo isso, se relativizado, reinventado e customizado, poderia revolucionar a produtividade e o próprio conceito do que temos para carreira e trabalho. É o que o um novo livro gringo chama de "custom-fit work". Dá uma olhada neste blog bacana sobre mães e carreira, que aborda detalhes sobre a obra. E agradeço à querida amiga Nomi, de Washington, pela dica.

A importância cotidiana do belo


Passei correndinho aqui só pra dizer que outro dia conheci uma ilustradora muito legal, a Luli Penna. Conversamos bastante numa festa, e hoje me deparei com seu blog. Já tinha visto algumas de suas ilustrações na Folha, mas fiquei encantada ao ver as imagens reunidas. Juntas, formam um sentido, uma história, um olhar de mundo delicado, leve e bem humorado.
Nada como ver algo bonito para refrescar a alma num domingão à noite, não é mesmo?






Imagem: blog de Luli Penna (ilustração para Folha de S.Paulo)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Crianças-Espetáculo?


Tem certas coisas que eu não entendo. Os canais a cabo infantis no Brasil terem publicidade, por exemplo. Já não basta o que ganham com licenciamentos?
Me pergunto que tipo de pessoinhas andamos criando com a babá eletrônica... Pelo que vi, só crianças com ânsia de virar celebridade.
Propaganda de marca de roupa infantil? Meninas com microfone dançando em cima do palco. Desfile de moda com modelos mirins. Promoção do canal gringo? Menina usando escova como microfone, cantando e dançando em cima da cama e sonhando ganhar um concurso de apresentadora para terminar um dia... em cima de um palco.
Isso significa que não estar em cima do palco (ou ser popular) é ser otário? Que profissões normais não valem a pena?
Nesse novo mundo imagético, criança não fica triste. Vive num supostamente alegre e perene frenesi.
Lembro quando eu era criança. Eu podia ver toda a televisão que eu queria. Mas eu detestava. Meus pais se mudaram para o Brasil quando eu tinha cinco anos.
Eles trabalhavam muito, chegavam tarde, e eu ficava basicamente sozinha, com a tevê ligada. A noite chegava, as novelas começavam, e meu pânico de meus pais nunca mais voltarem para casa se renovava. O que eu faria se eles não voltassem? Eu já não os tinha , e meus avós, meus tios, minhas queridas primas, todos tinham ficado para trás, arrancados de mim pela distância.
Meus pais devem ter deixado alguém pra cuidar de mim, alguma empregada, mas sinceramente não lembro. Lembro só da tevê, da entediante propaganda eleitoral gratuita, com os candidatos exibindo aquelas fotos horrendas em preto e branco. Era o final da década de 70. Lembro de ir para a sala com uma minicanequinha de cerveja bege, daquelas que distribuem na Oktoberfest. Lá dentro havia várias pulseirinhas com bolinhas coloridas entremeadas por uma correntinha dourada.
Era moda usá-las todas juntas, cada uma de uma cor, em uma das mãos. E eu ficava olhando para a tevê e para as pulseiras, por horas. Verde, vermelha, azul. O cheiro da corrente de metal barato da pulseira, que ao roçar os dedos, contaminava a mão. Horas que não passavam.
Aquela tela ligada de onde saíam palavras estranhas, testemunhas da minha enorme, catastrófica, solidão.
Naquela época não tinha propaganda de meninas com menos de dez anos dançando em cima dos palcos, sendo lindas, e famosas e felizes. Pelo menos dessa pressão horrível eu escapei. E a minha filha, escapará?


terça-feira, 24 de agosto de 2010

Beber água emagrece?


Parece que sim, diz um grupo de cientistas norte-americanos. A receita? Tomar meio litro de água, meia hora antes das três refeições. Com metade da cidade tomando a polêmica e agora proibida (mas nem tão proibida assim...) sibutramina para emagrecer, esta parece uma boa tentativa. Bastaria reduzir um pouco a ingestão de calorias, e, shazam!, a água faria sua mágica.
O experimento apareceu descrito em artigo pela revista The Economist que, além de ser uma das mais respeitáveis revistas conservadoras do mundo, tem uma excelente cobertura de ciência e cultura.
Pois bem, ali a revista descreve a pesquisa liderada por Brenda Davy, da Virginia Tech.
Os pesquisadores dividiram 48 americanos sedentários entre 55 e 75 anos em dois grupos. Um bebia meio litro de água antes das refeições, tipo meia hora antes, o outro não.
Todos consumiam entre 1.800 e 2.200 calorias por dia e tiveram que reduzir a dieta para 1.300 calorias, no caso das mulheres, e 1.500, no caso dos homens.
Dois meses depois, quem bebeu água dessa forma perdeu, em média, 7 kilos, enquanto o outro grupo perdeu 5 kilos. Terminado o estudo, o grupo da água, que aparentemente manteve o hábito porque gostou da ideia, continuou perdendo peso (700 g em 12 meses), mesmo comendo `a vontade, enquanto o outro grupo, necas de pitibiriba. Em caso de dúvida, vamos encher o copo (de vidro, please!!). Olha o artigo aqui.


Imagem: FreeStockPhotos

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Para bebês e lares minúsculos...


Eu juro que eu já tinha pensado nisso... Morando em Nova York, com uma bebê recém-nascida e tendo que gerenciar um banheiro multiuso tamanho-ovo, uma banheira dobrável teria sido mais que sonho de consumo...
Pois bem, a minha superamiga-irmã Chris Campos achou finalmente alguém que pensou nessa proeza do design. Olha aqui no site Casa da Chris, a nota sobre a banheira e os produtos fofos da Universo Materno.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ioga contra estresse, yes doctor!


Sou adepta, sempre que possível, da medicina e terapias alternativas. Acho que exercem uma função importante para prevenir doenças. Essa ponderação é totalmente subjetiva, emocional até, e por vezes vai totalmente contra meus lampejos racionais (trato minha filha com alopatia, quando necessário, sem maiores questionamentos).

Mas não me importo com as críticas dos cientistas e médicos porque, mesmo que não consiga entender racionalmente como isso funciona, sinto efeitos benéficos ou no mínimo reconfortantes no corpo com essas terapias.

Como massagem, por exemplo. Ou meditação. Ou chás calmantes. Ou ioga.

Ahhhh, a ioga. Que bela notícia esta semana, a que ouvi no rádio, sobre ela.

Um estudo feito por pesquisadores da Ohio State University, nos Estados Unidos, testaram um grupo de 50 mulheres com 41 anos, em média, para verificar os efeitos somáticos da prática.

Dividiram o grupo em três. Um fazia aulas de ioga, o outro, corria na esteira, e o terceiro assitia a filmes relaxantes.

As mulheres tinham amostras de sangue retiradas e depois eram submetidas a situações de estresse, como ter que resolver problemas matemáticos complexos ou enfrentar mudanças súbitas de frio ou calor, buscando reproduzir situações estressantes do dia a dia. E mais amostras de sangue eram retiradas durante é após essas etapas.

O resultado indicou que as que as praticantes de ioga apresentavam níveis menores de interleucina-6, uma citocina ligada a processos inflamatórios, além da redução do estresse. Bingo!
Imagem:Creative Commons

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Leitura para bebês


Acho meio sacal essa história de pais querendo que seus rebentos de fraldas sejam minigênios. Já bastam produtos na linha Baby Einstein para aplacar essa ansiedade contemporânea....
Mas ler, ler parece que não tem idade. Ler para crianças é uma delícia. A questão é o que ler em qual idade.
Por isso achei bacana esta lista feita em parceria com a Unesco, com indicações de leitura a partir dos... seis meses! É uma pena que não haja mais bibliotecas espalhadas pela cidade. Eu adoraria levar minha filha para ler parte desses 600 livros numa biblioteca. Perto de casa. Para que ela se empapuçasse de letras.
Aqui o link



Foto: Cesar Rincón (WikiMedia Commons)

sábado, 31 de julho de 2010

Por que as avós existem?


Essa pergunta parece óbvia? Para a ciência, aparentemente não. Afinal, por que as mulheres ainda vivem muitas décadas após a menopausa, enquanto em outros grupos animais isso não acontece?
Um fascinante estudo da universidade de Cambrige explica o fenômeno. As avós ganham uma importante função social na vida de mamíferos humanos porque exercem um papel fundamental ao ajudar a criar bebês -- atividade particularmente trabalhosa. Fofo, não? A Economist trouxe uma ótima matéria explicando como se deu o estudo. Leia aqui.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A alarmante lista da Anvisa sobre agrotóxicos nos alimentos


Um estudo supersério da Anvisa, a agência do governo que controla remédios e alimentos, saiu hoje apontando o uso indiscriminado de agrotóxicos em alimentos.

O pimentão e a cebola saíram campeões na lista dos mais perigosos. As substâncias, muitas delas banidas em outros países, foram encontradas em concentrações alarmantes em vários alimentos vendidos em feiras livres e mercados.

Olha um trecho da nota para a imprensa...

"Nesta situação, chama a atenção a grande quantidade de amostras de pepino e pimentão contaminadas com endossulfan, de cebola e cenoura contaminados com acefato e pimentão, tomate, alface e cebola contaminados com metamidofós. Além de serem proibidas em vários países do mundo, essas três substâncias já começaram a ser reavaliadas pela Anvisa e tiveram indicação de banimento do Brasil.De acordo com o diretor da Anvisa, “são ingredientes ativos com elevado grau de toxicidade aguda comprovada e que causam problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer”.

Mais do que comprar alimentos orgânicos e ficar quietos, temos que exigir que não se abuse dessa forma de agrotóxicos, para que toda a população tenha acesso a alimentos seguros. Talvez perguntar para seu feirante de onde os alimentos vêm, e tentar seguir a cadeia produtiva para tentar influenciar quem os fabrica, lá na ponta inicial, a ser mais ecológico e respeitoso das normas...
Leia tudo aqui no site daAnvisa - www.anvisa.gov.br
Imagem-freephoto.com

terça-feira, 8 de junho de 2010

Movimento verde é prisão para mães, diz feminista francesa


Eu não sei se é o aquecimento global. Ou o fato de as mulheres de minha geração, a X, terem esperado mais tempo para ter filhos. O que sei é que entre quase todas as minhas amigas mães há uma preocupação em exercer uma maternidade mais próxima dos rebentos e o mais "natural" possível.


Isso muitas vezes implica em parto natural sem anestesia (conheço várias adeptas); aleitamento materno para muito além dos seis meses (eu mesminha, por um ano e meio...); e algumas (quase) malucas que aderiram às fraldas de pano.


Nos Estados Unidos é comum muitas mulheres largarem a carreira por alguns anos para cuidar dos filhos. Grande parte delas acaba não voltando para o mundo profissional. Não porque o mercado não as queira, mas desta vez, por pura opção pessoal.


Em um novo livro ("Le Conflict: La Femme e La Mère"), a feminista francesa Elisabeth Badinter afirma que esse negócio de movimento verde está mesmo é aprisionando as mulheres. Uma nova idealização da maternidade, que prega defender a ecologia e viver uma vida mais simples (e mais trabalhosa, menos industrializada), está colocando a perder todos os ganhos e a liberdade conquistada pelas feministas da geração anterior.


De um lado, a vida profissional anda ficando cada vez mais difícil e competitiva. De outro, a mulher passou a ser pressionada por um novo modelo de maternidade simplesmente inatingível.


Ela defende que as mulheres sejam felizes, e que se livrem da culpa que essas (ou outras) pressões sociais exercem sobre ela. Ela, que tem três filhos, diz que é impossível ser uma boa mãe. E prega que as mulheres continuem defendendo a bandeira básica do feminismo dos anos 1960-- que exijam uma divisão de tarefas equanime com sua cara-metade.


E você, o que acha? Você sente que divide bem as tarefas relacionadas à família com seu marido?


Imagem- editorial Flammarion

quarta-feira, 2 de junho de 2010

De bicicleta, com estilo


Pirei ao receber o catálogo desta marca meio vintage-fofa de bicicletas. Se eu não fosse uma patsa completa em cima de qualquer magrela até colocaria uma delas na minha lista de desejos...


Compraria o livro do David Byrne, o "Bicycles Diaries", pra dar uma inspirada, uma cestinha para carregar as compras e sairia por aí, talvez pra fazer um pic nic no Ibirapuera no meio da semana. Isso no meu mundo idílico, claro... não no caos fumacento de São Paulo.


Toda vez que passo na avenida Paulista vejo uma bicicleta branca instalada ao lado do Masp e lembro com tristeza que ela homenageia a Márcia, que era uma pessoa supernatureba maravilhosa, massagista ayuvérdica de primeira e que morreu tragicamente atropelada naquele ponto.


Mas voltando para as bicicletas. O mais legal são os acessórios, todos bem caros como a dita cuja (que anda na faixa dos 1.000 dólares), porque ciclista urbanóide tem, em muitos casos, bastante dinheiro pra gastar. Tem de sapatos da Campers para moças que rumam ao trabalho, capacetes bonitinhos, campainhas e outros objetos bem curiosos, além das adoráveis cestinhas. Vá lá no site gringo da Public Bikes.

Sobre baterias assassinas


A vida moderna é uma maravilha. Máquinas, celulares e gadgets cada vez menores tornam a nossa vida mais fácil e confortável. Humm, calma lá, nem tão rápido assim... Além do lixo tóxico que as baterias provocam, quem tem filho menor de seis anos provavelmente já ouviu do pediatra: "tome cuidado com as baterias de celular, de controle remoto e de outros objetos eletrônicos".


Pois bem, o pediatra da minha pequena foi categórico: se ingeriu alguma bateria, há uma janela de quatro horas para evitar o estrago irreversível provocado pelo lítio.


Eu sempre me preocupo em não deixar pilhas ou baterias soltas pela casa com uma pequena que está prestes a cumprir dois anos (confesso, inclusive, meio ruborizada até, que a deixo ficar bastante tempo com chupeta na boca enquanto tenho que fazer alguma atividade, o que me deixa mais tranquila), mas o que eu não sabia é que em 60 por cento dos casos, são os próprios bebês que abrem os aparelhos, pegam a bateria e a engolem.


O que pode acontecer é assustador, e foi bem retratado em matéria do New York Times de hoje. Houve 3.500 casos de ingestão registrados no ano passado nos Estados Unidos, com 10 mortes. Imagino que os números do Brasil não sejam muito diferentes.


Na maioria dos casos, os pais não sabem que as crianças ingeriram as baterias, e os pequenos são diagnosticados com outra doença, como infecção respiratória. Esôfagos corroídos em poucas horas são apenas a ponta do iceberg do show de horror que pode acontecer. Muito preocupante. Leia aqui.
Imagem-Wikipedia, Creative Commons

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Papinha orgânica delivery? Em São Paulo tem


Mães modernas em fúria... descansai tranquilas! Já tem papinha orgânica em Sampa! Minha pequena já passou dessa fase, mas fiquei muito feliz em conhecer esta empresa, que fica em Moema.

Recurso natureba-fofo para ajudar mães apressadas, trabalhadoras incansáveis ou simplesmente mulheres exaustas (hello, todas nós!) , a papinha vem congelada, e pronta para o consumo.


Qualquer mãe de primeira viagem sabe que uma das maiores fontes de ansiedade é a alimentação dos rebentos. Quando são pequeninos, ainda mais. Passada a fase do aleitamento materno, não tem mãe que não trema diante do desafio das primeiras papinhas... Pensar nisso cumprindo expediente então, é uma tortura.

Muita gente acaba recorrendo às marcas industrializadas, mas isso é uma pena, porque é nos primeiros dois anos de vida que a criança aprende a se relacionar com os sabores e com o ato de comer. E aquela multinacional européia que me desculpe, mas eu não confio naqueles potinhos de vidro como uma boa opção alimentar.

Saber que tem papinha delivery, feita somente com ingredientes orgânicos, foi um alívio. Isso significa alimento sem conservantes artificiais, sem agrotóxicos, sem adubos artificiais e sem modificações genéticas na porta de casa. Ueba!

Os produtos são divididos por fase. Começa com papinha de pêra ou mamão para os babies de 4 a 6 meses e depois migra para criações mais ousadas, como a papinha Alê (carne, soja, arroz, agrião e cenoura), ou a papinha Fêfê (frango, feijão carioca, mandioquinha, chuchu e espinafre).

Você pode comprar as refeições do Empório da Papinha na loja das duas moças bacanas que fundaram a empresa: http://www.emporiodapapinha.com.br/.

Ou pode pedir o delivery no telefone - 11-5051-4343. Experimente e me conte!

Imagem: Empório da Papinha

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Perto do fogo



Sabe quando sua vida parece uma montanha-russa non-stop? Pois é, estou numa dessas fases. Passa, como tudo, mas às vezes é difícil parar de fazer, fazer, fazer e... olhar.

Outro dia cheguei na casa dos meus pais exausta. Fazia frio. Eu tinha fome. Meu pai, que é uruguaio profissional (o que significa que ele assa e come um boi por semana), disse: "vou preparar algo para você beliscar".

Isso significa pegar restos de madeira, a maioria deles encontrados por ele mesmo pelas ruas do bairro (dizem que o tipo de madeira afeta, inclusive, o gosto da carne); colocar vários pedaços já cortados no lado esquerdo da parrilla (como chamamos as churrasqueiras lá embaixo, no rio da Plata) e basicamente atear fogo com um pedaço de jornal bem grande enroladinho e já queimando estilo tocha olímpica.

Pronto, em dois minutos eu tinha uma fogueira linda queimando para mim e um delicioso bife de picanha a caminho.

Num país onde existem 3 milhões de habitantes e 10 milhões de vacas, é difícil propagar o discurso do quão ecologicamente incorreto e cruel é comer carne. Não dá. Eu mesma reduzi bastante o consumo, já que tenho um marido totalmente solidário com os animais e que a cada dia me lembra, com razão, o quão brutal é comê-los.

Mas o fato é que aquele dia eu precisava daquela picanha muiiitooo mal passada. Em pouco tempo, enquanto a fogueira ficava cada vez maior e alaranjada, abrimos um vinho, e começamos a lembrar as antigas histórias da família.

Ele lembrou de como meu tio Pepe foi perseguido por franquistas e republicanos durante a guerra civil espanhola, e porque, como era um herói sem nenhum caráter, que mudava de lado conforme um lado ou outro avançava, passou meses morando embaixo do comedouro de um chiqueiro de porcos porque estava jurado de morte de ambos os lados. E de como depois virou um dos maiores mulherengos de Montevidéu dirigindo uma ambulância, com um amor em cada hospital.

Relembramos do outro tio que foi pros Estados Unidos atrás de mulher, passou pela Venezuela e, sem um tostão no bolso, veio de "contrabando" num navio para Montevidéu. Beberrão incurável, mesmo sob marcação cerrada conseguia ficar bêbado durante o dia trabalhando na confeitaria do meu avô. Ninguém conseguia descobrir o mistério, já que lá não havia álcool, até que um dia descobriram que ele estava contrabandeando doses homeopáticas do rum que era injetado nas bombinhas de creme...

Eu lembrei de como minha avó Paca até pouco tempo carregava todos os dias a lenha que ia para a lareira esquentar a casa durante todo o dia no inverno, e como de noite a festa era sentar-se em frente do fogo, de onde saíam histórias alegres e tristes, jantares incríveis de legumes, peixes e carnes que ardiam sob uma pequena grelha e as blusas úmidas terminavam de secar.

E então, entre uma história e outra, a madeira foi queimando, o bife ficando suculento, o vinho esquentando o corpo e o papo esquentando a alma. E assim o tempo parou. E assim tudo ficou, de repente, normal. E assim tudo voltou, simplesmente, a ser.

Imagem: Ernest von Rosen, http://www.amgmedia/.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Por uma vida menos tóxica




Eu sempre fui a menina da bolha. Alérgica a tudo. Pêlo de bicho, ácaro, chocolate, mofo, enfim, tudo aquilo de mais comum que pode irritar o sistema respiratório de uma criança. Essa sensibilidade exacerbada me fez crescer prestando atenção a coisas tóxicas de todo tipo.


Se eu sofro, é porque os níveis de contaminação estão altos. Foi assim para várias casas recém-reformadas para as quais me mudei ao longo da vida. É assim em lojas de shopping center ou lugares novinhos em folha, onde todas aquelas substâncias químicas estão soltas no ar.

Se você se sente cansado ou com dor de cabeça após algumas horas circulando num shopping, talvez você seja do meu time.


Mas tudo isso pra dizer que há um tipo de poluição pouco comentada, mas letal, responsável pelo aumento da incidência de câncer em países desenvolvidos (e mais industrializados, mas tenho certeza que também por aqui). É a "poluição" provocada por substâncias químicas que cercam praticamente todos os produtos que encontramos para comprar nas prateleiras.


Hoje um bebê nasce com 300 contaminantes detectados já no seu cordão umbilical. A isso vão se somar milhares e milhares de substâncias tóxicas, poucas delas reguladas pelas autoridades de saúde. A ligação delas com o câncer tem sido feita em vários estudos. Deixo aqui um link para o artigo de Nicholas D. Kristof do New York Times, que trata amplamente do tema e dá links para as novas pesquisas que estão saindo sobre o assunto.


Pelo momento, as dicas que ele enumera para se ter uma vida menos tóxica são:


* Escolha comidas, brinquedos e produtos para o jardim com menos disruptores endócrinos e outras toxinas especialmente para crianças e mulheres grávidas, mais sobre o tema você encontra nestes sites http://www.cosmeticsdatabase.com/ e http://www.healthystuff.org/

* Quem trabalha com produtos químicos deve tirar a roupa ao chegar em casa e lavá-la separadamente do resto da família.

* Só beba água filtrada.
* Guarde a água em recipientes de vidro ou aço inox, ou em plástico que não contenham BPA (bisfenol) ou substâncias tóxicas com os ftlatos, que tornam o plástico mais flexível (já falaremos mais pra frente isso...)

* Só coloque comida no microondas em recipientes de vidro ou cerâmica (nada de plástico, de novo).

* Dê prefência à comida cultivada sem pesticidas, fertilizantes químicos ou hormônios de crescimento.

* Evite carnes cozidas em demasia.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

As frutas e vegetais menos vulneráveis a agrotóxicos

Comprar alimentos orgânicos nem sempre é possível, mas, dentre as opções do supermercado ou feira, quais seriam as menos infestadas de pesticidas? A melhor saída, já sabemos, é sempre comprar coisas frescas, de estação, e de preferência cultivadas por perto.

Nunca esqueço do meu choque quando morava em Nova York ao ir ao supermercado e trazer alho para casa.
Achei tão lindo... Enorme, branco, robusto. E barato. Quando cheguei no meu lar doce lar, a surpresa: o alho era chinês!

Como pode uma cabeça alho que vem da China custar menos de um dólar, e ser tão mais barata que sua "irmã" local?

Pensei no combustível gasto para fazer o trajeto de navio, nas águas ficando sujas, no pobre coitado semiescravo que trabalhou nessa plantação, e nos possíveis componentes tóxicos que eu e minha família estaríamos ingerindo sem saber. Fiquei triste.

Mas, enquanto não temos alho da China no Brasil... Vejam esta lista gringa das 12 melhores frutas e vegetais não orgânicos para comprar sem tanto susto no mercado ou feira, especialmente se você tem gente pequena em casa:

Aspargos
Abacate
Bananas
Broccoli
Couve-flor
Milho
Kiwi
Manga
Cebola
Mamão papaia
Ervilha doce
Abacaxi

Também são relativamente confiáveis (e nem tão contaminados): batata doce, ameixa e melancia

Fonte: The Complete Organic Pregancy, de Deidre Dolan e Alexandra Zissu
Imagem: Freefoto.com

Ecológica sim, chata não

Pensei neste blog como uma maneira de contar as minhas experiências cotidianas como mãe amalucada que trabalha numa grande cidade poluída como São Paulo e que, no meio da agitação, busca informação para fazer cada vez melhores escolhas de consumo.

As mães e as crianças são as maiores "autoridades" sobre o que se consome numa casa. Cada casa, um mundo. Cada produto, uma cadeia produtiva. Cada objeto, uma história. Gostaria de ser totalmente "verde". Mas na correria, não consigo me organizar.

Os produtos ecológicos oferecidos no Brasil ainda são caros, e não tão disponíveis. Muitas empresas embarcaram no marketing da sustentabilidade. Mas quais serão realmente as melhores escolhas? Ou melhor, quais são as melhores condutas que podemos adotar para passar por este mundo sem deixar muito rastro (ou estrago...) para as próximas gerações?

Este blog busca ser um caminho possível, prático, cotidiano, de histórias, de informação e de serviços úteis para quem, como eu, vê em cada ação do dia a dia uma chance para a construção de um mundo melhor para homens, mulheres, crianças e todos os seres vivos do planeta.

Boa leitura!